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2011-09-30

Nuvem Brilhante

Dica: leia ouvindo a música na qual me inspirei




Pi-Pi-Pi!

- Hum... - sonolenta, bati com força no despertador. Quebrei mais um...

Minha cabeça está zumbindo, minha visão embaçada... Vermelho... Tem sangue manchando minhas roupas e cama. Mas eu não estou ferida... Oh não...

Mais uma vez eu fiz. Uma maldição. É inevitável, eu apenas mudo de repente, de um certo jeito isso faz parte de mim, é uma fraqueza do meu sangue que não posso controlar. Ah! Preciso da sua ajuda... Antes que eu machuque outra pessoa.

Ainda consigo me lembrar de poucos momentos de ontem à noite. Eu fui numa festa... Elite, baile, máscaras, música, esnobes, milhonários... Uma festa privada feita por algum político querendo votos da "elite". Inútil, corrupto sujo.

Posso ter dinheiro, mas ainda não encontrei remédio para essa loucura, essa doença do meu sangue. Ninguém conseguiu, exceto... Você.

Conheci você, um jovem rico de beleza descumunal, naquela festa. Mesmo de máscaras, sei que lhe conheci verdadeiramente e você também me conheceu. Consegui ver seus olhos azuis carinhosos cruzando com os meus olhos negros atentos.

Você me chamou para uma valsa. Eu aceitei, nunca havia respondido para alguém nesse tipo de evento, que eu participo sem interesse verdadeiro.

Quando nossas peles se tocaram, a minha fria e a sua tão quente, minha mente clareou. Meus pelos se eriçaram num calafrio prazeroso, seu calor passava para mim pelas mãos, pelo corpo, pelo olhar, pelos beijos... Na minha mente percorriam luzes, pereciam estrelas saltitantes, lindas e tranquilizantes.

Pela primeira vez pude me ver longe daquela falsidade, daquele dinheiro imundo, das intrigas, do meu nojo, dos meus problemas, daquela minha maldição, do meu medo... Ah! Queria ficar ali para sempre, desejei que a valsa jamais terminasse. Um desejo inocente e inútil, claro que o encanto uma hora iria passar.

Ao parar a música, você me deixou num canto, esperando seu retorno com a bebida. Não queria que seu calor se fosse... Nunca estive tão quente, nunca me senti tão querida... O que seria aquela sensação estranha de urgência dentro de mim?

Você demorou, ou pareceu demorar para meu corpo desesperado pelo seu calor. Tudo voltou, a sujeira, os problemas... Meu sangue defeituoso correu pelas minhas veias rapidamente, pulsando e gélido. A escuridão estava voltando. É o fim da minha resistência.

Ah! Minha cabeça está doendo! Não dá... Não me lembro de mais nada. Qual era mesmo seu nome? Você sabe quem eu sou? Você irá me procurar ou fui apenas um caso de uma noite? Ah! Como dói pensar nisso...

A televisão está ligada... É o noticiário, estão falando de uma morte... Uma deputada foi assassinada ontem à noite em uma festa. Oh Deus!

Mudei de canal, aquela foto da cena do crime me deixou zonza, minha mente reagiu à imagem do sangue ao lado da foto da mulher. Mais canais falando da mesma coisa... Ah! O que foi que eu fiz dessa vez?

Disseram num canal que ela era suspeita de desvio de dinheiro e suborno às autoridades. Outro político sujo... No canal e fofoca uma atriz está sendo entrevistada, ela está falando sobre a deputada... A opinião dela parece com a minha, só que... Melhor. Ah! Minha cabeça está rodando!

Eu preciso de você, com você posso me libertar dessa maldição horrenda, só preciso do seu toque, do seu calor, do seu carinho, do seu corpo... Eu desejo você, apenas você.

Rápido. Eu preciso de você aqui... Venha. Minha cabeça está explodindo... Corra. Não vou aguentar muito tempo... Me ajude. Estou com abstinência de você... Dance. Você é viciante e eu me viciei logo no primeiro toque... Me tire dessa nuvem brilhante que é minha mente corrompida.

Essa nuvem é reluzente, está ofuscando minha sanidade, a cada dia ela brilha mais e mais, não vou aguentar, vou ficar cega. Ah! Como isso dói!

Din Dong!

A campainha? Será você? Você me achou? Ou será a polícia que descobriu o enorme rastro de sangue que leva até mim?


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