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2011-06-19

Capítulo 2 - Fallen Angel


Capítulo 2 - Sonho

- Maldito seja... Maldito... - sussurrou uma voz jovem feminina.

- Mwahaha! Finalmente terei minha vingança! E você, minha querida, morra aí quietinha, ok? - disse uma voz masculina madura e grave, chegava a ser até sedutora.

Antes via apenas sombras, agora estava tudo escuro, apenas uma vela iluminando o ambiente que parecia uma caverna subterrânea.

Dor. Uma dor aguda no abdômen. Parecia que estavam arrancando suas tripas.

Sangue. Estava sentindo sangue, muito sangue, saindo de dentro de si. Suas mãos estavam encharcadas.

- Maldito... MALDITOOO!!!!! - berrou para o nada a voz feminina, sentindo as lágrimas escorrendo pelo rosto.


- AH! - Victoria acordou assustada.

Ainda deitada na cama pensa: "Mas o que foi esse sonho? Parecia tão.... Real?"

Era de manhã. Domingo de manhã. Victoria que não conseguia mais dormir, reclamando, tenta se levantar, mas não consegue. Sente uma dor forte no peito. Exatamente onde estava sua "cruz". Depois a dor passa para as costas. Não era uma dor comum... Parecia que alguma coisa estava rasgando suas costas por dentro e depois queimando.

- Argh! - tentou não gritar para não acordar a mãe no quarto ao lado.

Minutos se passaram e a dor continuava. Após 10 minutos, finalmente a dor passou. 

Victoria suava muito, resolveu ir tomar banho. Quando estava levantando, sentiu algo em sua mão direita. Abriu-a e não acreditou em seus olhos.

- U.. Uma pena? - disse.

Era uma pena vermelha, como sangue. Mas como uma pena vermelha fora parar em sua mão? E mais... Aquela dor... Já havia sentido ela desde seu aniversário de 12 anos, todas as vezes em seu aniversário. Mas dessa vez a dor não aconteceu às seis horas da tarde, a hora em que nasceu. Por quê? Estava completando 15 anos. O que essa idade tinha de diferente das outras? Refletindo consigo mesma foi tomar banho.

Victoria era uma garota esbelta, nem muito magra, nem muito gorda. Tinha cabelos castanho-claro que iam até metade de seu braço e uma franja rente às sobrancelhas. Seus olhos eram azuis limpidos como a água do Caribe. Apesar de ser bela, não era vaidosa, na verdade, jamais se importou muito com a aparência, exceto quando iria encontrar Lucas.

Lucas era um garoto misterioso que sempre chamou a atenção de Victoria. Ele era alto, seus cabelos eram castanho-escuro, curto e cacheado. Seus olhos eram de um castanho tão escuro que pareciam pretos. Ele era muito belo, mas não era por isso que chamava a atenção dela. Nem mesmo Victoria conseguia entender o porquê. Parecia que ela já o conhecia, há muito tempo. Mas como isso era possível se ele havia sido transferido para sua escola no começo do ano?

Realmente haviam muitas coisas sem explicação na vida da Victoria.

Mas aquele dia era especial para Victoria, afinal não é todo dia que você faz 15 anos e ainda tem uma mega-festa no final do dia. Ela parou de pensar nos problemas e começou a se preocupar em se preparar para a sua festa.


--

Estava na hora. Victoria usava um lindo vestido de alças finas, azul, acima dos joelhos. Estava maquiada, algo muito raro de acontecer. Seu cabelo estava parte preso em uma trança e parte solto. Ela estava linda e nervosa, pois teria que receber cada convidado vestida assim antes da festa realmente começar.

Convidados foram chegando. Victoria já estava com dor nos pés por causa do salto alto, "Não vai parar de chegar gente?" pensava. Pouco depois todos os convidados já tinham chegado. Finalmente ela pode ir trocar de vestido para a tão esperada valsa. Colocou um vestido longo tomara-que-caia, roxo, era simples mas ficara lindo.

Victoria não conseguia ficar parada, estava muito nervosa. Queria saber logo quem iriam ser seus 15 príncipes que a sua amiga Gabriela escolheu. Na verdade, queria saber quem seria oseu príncipe, que iria dançar a valsa com ela.

Após poucos minutos, todas as 15 garotas estavam reunidas esperando seus príncipes. Logo eles chegaram, vestidos com ternos azul-escuro, eles estavam belos. Todas as garotas ficaram levemente coradas quando cada príncipe segurou suas mãos, mas ninguém ficou tão vermelha como Victoria, que acabara de descobrir que o seu príncipe era o Lucas.

Procurou sua amiga entre as garotas, Gabriela viu e deu uma piscada de olho sorrindo maliciosamente para a amiga, o que só fez Victoria ficar cada vez mais vermelha. No dia seguinte, na escola, Gabriela iria pagar caro por fazer aquilo com ela. Mesmo assim estava feliz de ter que dançar com Lucas.

A valsa começou. Victoria percebeu que Lucas também estava nervoso e levemente corado, o que fez seu coração acelerar. "E.. Ele está nervoso por dançar comigo?!" pensou, ficando mais vermelha que uma pimenta.

Durante a valsa nenhum dos dois conseguiu encarar o outro, ficaram em silêncio o tempo todo, até que finalmente a valsa acabou e começaram as homenagens, onde Gabriela e Carolina participaram, sendo que Carolina foi obrigada pela Gabriela para falar uma frase em homenagem a Victoria. Mas as amigas sabiam que, mesmo não demonstrando, Carolina realmente considerava Victoria uma grande amiga.

Victoria teve que trocar novamente de vestido para a última parte da festa, conhecida como "Balada". Colocou um vestido de alças finas, preto, com saia de tule de várias cores, acima da metade das coxas. A música começou a tocar e as pessoas a dançar. Mas ela não via mais o Lucas em nenhum lugar do salão. "Por que ele foi embora e nem se despediu?" pensava magoada. Porém logo as amigas chamaram ela para dançar, levando embora a tristeza.

A festa terminou às duas horas da manhã, apesar de grande parte dos convidados, incluindo Victoria, terem aula no dia seguinte. Victoria assim que chegou em casa dormiu, estava exausta. Amanhã ela pensaria direito em tudo o que aconteceu, e talvez, se tiver coragem, falaria com Lucas.

--


Era hora do intervalo. Victoria saiu da sala, ainda estava em dúvida se deveria falar com Lucas ou não. Até que alguém pula em suas costas.

- Ooooooiii!!! - disse a amiga Gabriela com um enorme sorriso no rosto.

Na sala de Victoria estava apenas Carolina. Gabriela e Lucas eram de outra sala. Então às vezes era difícil de se encontrarem no intervalo.

- AH! Gabi, você quase me mata do coração mulher! - reclamava Victoria.

- Aaah... Não exagere. Eu nem pulei tão forte assim... - Gabriela não tinha mais o sorriso de antes.

- Não, magina... - disse com tom de sarcasmo.

- E então... Vai falar com o seu namorado ou não? - disse como se fosse óbvio o que se passava na mente da amiga.

- Ele não é meu namorado! Ah! E que história foi essa de você escolher ELE como o meu príncipe? - disse ficando corada e brava.

- Ah mas você que disse pra eu escolher os garotos... - disse inocentemente.

- É, mas isso foi porque eu não sabia quem chamar! E mais, eu nunca teria coragem de pedir para um garoto dançar valsa na minha festa. - disse ficando mais vermelha, não sabia se era por vergonha ou raiva.

- Isso é óbvio. - disse rindo da cara vermelha da amiga.

- Ei! Não zombe de mim! Eu sou tímida, fazer o quê? - disse com vontade de dar um peteleco no nariz empinado da Gabriela.

- Tá bem, tá bem. - disse dando um abraço de desculpa na amiga - Ele tá na arquibancada do ginásio. - deu uma piscada de olho e foi procurar Carolina para conversar.

- Mas o quê...? - disse para as paredes, Gabriela não estava mais lá. "Ele quem?" pensou, mesmo já sabendo a resposta.

Faltava 10 minutos para o intervalo acabar. Teria de ser rápida, o ginásio não era perto e ainda queria falar um pouco com ele. Chegou no ginásio em dois minutos, exausta pela corrida. Logo viu Lucas na arquibancada, como Gabriela lhe dissera. respirou fundo e sentou ao lado dele.

- Erm... Oi. - disse tentando não parecer muito idiota, em vão, estava tão vermelha que era inútil disfarçar.

- Ah, oi. - disse Lucas surpreso, estava tão distraído com seus pensamentos que nem percebera quando Victoria havia chegado.

- ... Então... Obrigada por aceitar o convite da minha amiga idiota para dançar comigo.

- Não foi nada. E desculpa ter saído sem me despedir, mas é que... Minha avó caiu e torceu o pé e eu estou cuidando dela, então eu precisava voltar para casa rápido. - mentiu, mas realmente queria se desculpar por ter sido grosseiro.

- Ah... Tudo bem então. Espero que sua avó fique bem logo. - disse sorrindo, não havia percebido a mentira.

Lucas se sentiu mal por ter de mentir para ela. Mas não podia simplesmente dizer a verdade.

- Eu gostei da festa, mesmo não tendo ficado muito tempo. E você estava linda. - disse levemente corado, queria compensar a mentira com um elogio.

- Ah! O.. O.. Obrigada. - disse ficando mais vermelha do que a pena que havia achado no dia anterior. "Ele disse que eu estava linda? Ai meu deus... Desse jeito vou parecer uma completa idiota!" pensou.

Lucas segurou o riso. Não queria que ela ficasse mais constrangida do que já estava, mas a cara dela quando ele a elogiou era cômica demais.

De repente toca o sinal da escola. O intervalo havia acabado. Teriam que voltar para a sala em um minuto ou não poderiam mais entrar e levariam uma advertência do orientador.

- Ah! Essa não! Temos que correr, e MUITO! - disse Victoria, esquecendo 
completamente a vergonha de antes. Pegou a mão de Lucas e o puxou correndo em direção às salas.

Nunca havia corrido tão rápido. Jamais iria deixar o Lucas levar advertência por sua culpa. Lucas tinha corado mais quando ela pegou sua mão, ele não esperava essa atitude vindo dela, a garota mais tímida do 1º ano.

Lucas começou a correr também o mais rápido que podia, passando a puxar Victoria. Finalmente ela percebeu o que havia feito. Pegar na mão de Lucas era algo impensável. Ficou mais vermelha do que nunca, se isso era possível.

Em 45 segundos chegaram. Por sorte suas salas não eram tão longe uma da outra. A primeira era a sala do Lucas.

- Ah! Até depois! - disse Victoria, ainda correndo para sua sala.

- Até! - respondeu Lucas entrando em sua sala.

Faltavam 5 segundos, o professor já estava se preparando para fechar a porta quando ouve alguém correndo e gritando no corredor:

- ESPERA POR FAVOR! - era Victoria, quase caindo de tão rápido que estava correndo.

Conseguiu entrar, logo depois o professor fechou a porta. Todos os alunos estavam olhando para ela. Nunca viram ela chegar tão afobada na sala, normalmente ela era sempre a primeira a chegar. Ao perceber os olhares, Victoria corou fortemente e sentou rápido em sua mesa, ao lado de Carolina.

- O que foi? Estava se divertindo tanto que esqueceu da aula? - caçoou Carolina, fazendo algumas garotas rirem baixo. Afinal todas as garotas do 1º ano já sabiam que ela sentia algo com relação ao Lucas.

Victoria afundou a cara no caderno que estava abrindo, queria desaparecer dali.

- Silêncio! Peguem seus cadernos e copiem o que irei escrever na lousa. - disse o professor. Era aula de Português.

As aulas foram passando, porém Victoria não prestou muita atenção nas explicações dos professores. Ela estava ocupada demais lembrando da conversa que teve com Lucas. Sem perceber havia escrito várias vezes o nome dele no caderno.

- Hum... Mas o que é isso? - disse uma garota pegando o caderno - Ah! Tá pensando no namoradinho é?

- AH! Devolve Gabi! - disse pulando para recuperar o caderno, porém Gabriela foi mais rápida.

- Hum... Vejamos... - Gabriela começou a folear o caderno - Nossa! Você escreveu o nome dele no caderno todo! - ria se divertindo com a cara extremamente vermelha da amiga.

- Gabi! DE-VOL-VE!!!! - disse sílaba por sílaba, para ter certeza de que a outra iria entender. Não queria brincar, não com isso.

- Tá bom... Toma. - disse triste devolvendo o caderno, sua brincadeira havia terminado.

Victoria arrancou o caderno da mão da amiga e guardou rapidamente seu material. Queria ir embora logo.

- Nossa... Tá tão apressada assim pra rever ele?

- Não é nada disso sua boba! Eu quero é ir para casa, meu pai vai ficar na cidade essa semana para me ver. Ele chega hoje. - disse Victoria empolgada.

Seus pais jamais conseguiram se entender para casar. Como morava com sua mãe e seu pai morava em outra cidade, era raro o pai dela ir visitá-la. Ele pediu uma semana de folga do trabalho, descontando das férias de fim de ano, ele queria muito passar a semana do aniversário de 15 anos de sua filha com ela.

- Até amanhã! - disse já indo para casa.

- Até! - disse Gabriela. Carolina, que estava ao seu lado, não respondeu, apenas olhou enquanto Victoria corria para casa.

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