Capítulo 1 - Feliz Aniversário!
Era um dia nublado. O Sol, acima das nuvens, brilhando com força querendo aquecer alguém, mas as nuvens não permitiriam tal desejo. Não hoje.
Uma voz profunda masculina diz:
- Hm? Ah... Então finalmente chegou a hora... Certo pode ir.
Uma pequena luz surge em meio as nuvens cinzas, imperceptível para as pessoas ocupadas andando de um lado para outro naquela cidade caótica.
- *Suspiro* Bem, você também pode ir. Eu sei que estava ansioso para esse momento. Boa sorte.
E outra pequena luz, mais brilhante que a outra, também surge das nuvens em direção às pessoas.
O homem desconhecido pensa: "Será que dessa vez o destino será mais generoso com vocês?"
--
As pessoas continuam a andar, correr, preocupadas com suas vidas, sem ao menos perceber que, em uma maternidade ali perto, acabara de nascer uma pequena menina que poderia mudar a vida de todos.
Um choro agudo e alto ressoava entre as paredes dos corredores daquela maternidade.
Era sexta-feira, dia 6 de junho de 1999, seis horas da tarde.
--
- Victoria! Vamos logo, já é hora de ir para a escola! - disse uma voz feminina e já gasta pela idade.
- Uaaahh... Ai, mas que sono... - disse Victoria.
Era seu aniversário mas ainda assim precisava ir à escola.
- Estou pronta mãe. - disse Victoria.
Não gostava de acordar cedo, ainda mais no seu aniversário. Mas como sabia que as amigas iam fazer a maior festa depois da aula, acordou mais rápido do que o costume. Hoje ela completava 12 anos.
--
Depois da escola, como o combinado, as melhores amigas da Victoria foram para a casa dela. Brincaram, cantaram parabéns, comeram bolo e correram para o quarto da amiga, conversaram enquanto Victoria trocava a blusa suja de refrigerante que Gabriela deixara cair sem querer.
- Ai Gabi, mas como você é desastrada! Era a minha blusa favorita... - reclamou Victoria.
- Ah desculpaa! Eu tropecei, já disse! - disse Gabriela quase implorando por desculpas.
- Tá bom. Mas vê se toma mais cuidado, né?
- Ceerto! - nem terminou de falar e pulou na amiga, abraçando-a com força.
- Ah! Gabi! Deixa eu me vestir! - reclamou um pouco corada.
- Hm? Ei Vic! Você já viu que pintas engraçadas você tem no peito? - disse com um tom de brincadeira.
- Hã? Ah! Isso? Sempre tive. Mas por que são engraçadas?
- É que se você ligar elas forma uma cruz! - enquanto falava pegou uma caneta na cabeceira da cama e ligou as quatro pintas do peito da amiga.
- GABI! Ótimo... Agora vou ter que tomar banho também.
Carolina que olhava tudo sem interesse sentada na cama finalmente pareceu reagir com algo.
- Ei, mas não é uma cruz... - disse Carolina.
- Hã? Mas é claro que é Carol! Tá vendo direito não? - disse Gabriela apontando para o desenho que fizera.
- Estou vendo perfeitamente. - disse Carolina com arrogância. - Mas repara bem, é uma cruz de cabeça pra baixo.
- Nossa! Mas que legal! - disse Gabriela.
- Não é tão legal assim... Uma cruz de cabeça pra baixo é o símbolo do... - Carolina não terminou a frase por, talvez, medo.
- Símbolo de quem? - Gabriela estava cada vez mais agitada e curiosa.
- Do... Diabo. - Completou Carolina.
Silêncio. O que Carolina disse deixou todas surpresas. Gabriela se preparava para começar outra conversa quando Victoria se curvou com as mãos no peito.
- Vi..Vic? - disse Gabriela preocupada.
- Ah... Tá... Doendo... Muito... AAAAAAHHHHHH!!!!!! - disse Victoria com dificuldade, gritando de dor.
Carolina pulou da cama e foi até a amiga no chão, parando ao lado de Gabriela desesperada com a situação.
- O que a gente faz? O que a gente faz? - perguntava Gabriela eufórica.
- Quieta Bi! Vi... Calma, respira. O que você tá sentindo? - disse Carolina parecendo mais adulta que sua própria mãe.
- Tá... Queimando... Meu... Peito... AH! - Victoria estava suando frio encolhida no chão, se contorcendo.
De repente elas ouvem o badalar dos sinos da igreja perto dali. Um, dois, três, quarto, cinco... Eram seis horas da tarde.
Após o último badalar, Victoria parou de gritar e começou a relaxar.
- V..Vi...Vic? - Gabriela soluçava pois estava chorando em choque.
- Vi... Você tá melhor? - Carolina apesar de sempre agir como alguém que não se importa com Victoria, agora estava realmente preocupada com a amiga.
- A..Acho que tô... - disse Victoria começando a se levantar.
Quando estava de pé, Carolina arregalou os olhos. A cruz desenhada de caneta azul estava agora sem nenhum resíduo da tinta, mas ainda estava lá, porém era como se alguém a tivesse arranhado a pele de sua amiga.
- Mas o q... Como? - Carolina estava confusa, não conseguia formar uma frase com sentido.
Pouco depois a pele voltou ao normal. Até mesmo a tinta da caneta voltou. Victoria colocou uma blusa e fez as duas amigas jurarem que não iam contar o ocorrido para ninguém. Ela estava com medo do que sua mãe iria pensar, ou até mesmo fazer. Não queria virar alguma cobaia de laboratório, ela pensava.
O resto do dia passou rápido, logo os pais da Gabriela chegaram e depois os pais da Carolina, levando-as embora.
Victoria foi dormir ainda pensando no que ela havia sentido. Ficou alguns minutos acordada, porém o sono foi mais forte e dormiu em um sono pesado. Amanhã seria difícil alguém acordá-la para ir à escola.
Nenhum comentário:
Postar um comentário