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2011-06-24

Disappearance


Dica: leia ouvindo a música na qual me inspirei.


Eu não era ninguém, uma garotinha rejeitada. Você me deu abrigo, comida, roupa e felicidade.

Tinha nascido para cantar, tudo que eu cantava todos elogiavam, mas eu só me importava com a sua opinião.

Seu sorriso caloroso quando eu agradecia pela atenção nas minhas canções me enchia de alegria e energia.

Não faz muito tempo que você adoeceu... Na cama do hospital você continuava sorrindo, me tranquilizando, mas eu sei que você está sofrendo, que seu futuro é incerto.

Todos os dias eu ia cantar para você, tentar levar alegria para você. Parecia que você estava melhorando, mas apenas parecia... Logo seu estado se agravou bastante.

Minha preocupação me fez parar de cantar, a única coisa que eu sei fazer... Mas não foi por querer. Minha garganta ficou estranha, as palavras não saíam mais suavemente e afinadas, eu perdi meu ritmo, a minha função nessa vida.

Continuei enviando flores, aquelas brancas que você tanto gosta, mas não tive coragem de entrar no quarto. E se você acordasse e quisesse ouvir sua canção predileta? Como poderia te desapontar desse jeito?

Fui ao seu quarto mais uma vez. Os médicos não sabiam os danos no cérebro e se quando você acordasse, e se acordasse, do que você se lembraria. Você poderia se esquecer de mim, dos nossos momentos juntos... Não iria aguentar ver você assim.

Vasculhei a casa atrás de tudo que era meu ou contesse lembranças comigo. Fotos, roupas, talheres, lençóis... Tudo. Levei tudo para longe, onde ninguém iria se ferir.

A dor em meu peito me levou a uma decisão: destruir tudo que pudesse lembrar de mim, apagar minha existência.

Se você não acordar, espero que você não sofra e vá para um lugar lindo que você merece. E se você acordar, que você tenha uma longa e maravilhosa vida, que não se lembre de mim, pois não poderei voltar atrás agora. Não quero que você se sinta mal por mim... Eu estou bem, estou em paz.

Despejei um líquido incolor de cheiro forte sobre tudo que eu amontoei naquele lugar deserto, inclusive sobre mim. Acendi um isqueiro.

- Obrigada e... Adeus.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto o isqueiro percorria o ar, em direção do líquido. Minha existência irá desaparecer.


- Onde está Marin? Como assim quem é Marin?! Ela sempre veio me ver! Não me venha com "eu não vi ninguém"! Onde ela está?!

Você acordou. Você guardou uma foto minha embaixo do travesseiro do hospital. Você se lembrou de mim... Pena que eu não possa voltar atrás... Desculpe.

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