Eu te amo, como jamais amei ou irei amar. Não vá embora. Por favor...
Acordei suando frio. Mais um pesadelo sobre aquilo. Suas palavras doces, gravadas para sempre em minha mente, nunca mais iriam me deixar dormir em paz, nunca mais irei esquecer ele...
Para que ele se esforçou tanto por nós e depois me abandona desse jeito? Só porque me apaixonei por ele o destino resolveu brincar comigo?
Já se passaram três anos... Não consigo esquecer seu rosto sujo pelas lágrimas, seu sorriso largo de alegria, o vento em seus cabelos loiros, seus olhos verdes cheios de pavor e sua coragem no último momento. Ainda posso sentir o calor de sua mão sobre a minha e seus suaves e embriagantes beijos.
Por causa dele não durmo mais. Por culpa dele não consigo ir adiante, por mais que eu queira amar novamente. Por culpa dele choro todos os dias. Três anos... Ficamos juntos apenas quatro meses e por mais que o tempo continue a passar, não consigo viver como antes.
Como fui tola... Eu sabia que nosso amor era grande, mas ao receber uma proposta da melhor escola da província, que se aceitasse teria que mudar de cidade, nem hesitei em dizer sim. Tola! Será que eu mereço seu perdão?
Atravessando a rua, rumo ao meu ônibus com uma mala de rodas na mão, ele me segurou pela outra. Me virei assustada e vi ele com o rosto distorcido pela tristeza.
Você está mesmo indo embora? Assim? Sem motivo e nem me avisar?, ele disse ríspito, apertando cada vez mais minha mão.
Tentei me soltar sem desabar na frente dele, mas ele era forte. Disse palavras cruéis para afastá-lo. Estava chateada com ele, mas não consigo lembrar o motivo... Tínhamos brigado? Não sei...
Eu te amo! Não vá embora. Por favor..., foram estas as palavras que ficaram gravadas nitidamente na minha cabeça. Ele estava implorando com várias lágrimas já adiantadas.
Aquela cena me comoveu ao ponto de largar a mala, abraçar e beijá-lo com muita intensidade.
Era fim de tarde e só conseguimos ver uma luz ofuscante vindo em nossa direção. Tudo aconteceu tão rápido... Ele me empurrou para longe com uma força incomum. Vi apenas seu olhar, em puro pânico, antes dele sumir embaixo de um carro desgovernado.
Gritei até minha garganta doer. O motorista havia dormido no volante e faleceu na hora em que o carro se chocou com o muro. Meu amor ficou duas semanas na emergência do hospital, sempre inconsciente, até que desligaram os aparelhos.
Me mudei para aquela outra cidade para esquecê-lo, mas não adiantou. Passei anos lamentando, agora não aguento mais essa vida lamentável. Espero que possamos nos encontrar e que ele me perdoe...
Olá. Desculpe a demora, mas eu também te amo, disse ao pular da janela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário