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2011-06-28

Laço


- Seu crianção! Bebê! Idiota! Retardado. Chato. Lindo... Maravilhoso...

Gritava a garota que brigava com o garoto, batendo seus punhos cerrados no peito dele, mas a raiva desapareceu com um beijo doce depois do sorriso infantil do garoto.

- Você é insuportável! Mas como eu te amo...

- Bobinha. Eu também te amo.

Sorriram e se beijaram novamente. Faziam duas semanas que estavam assim: brigando e namorando.

- Cof! Cof! Cof! - a garota tossiu com um som horrível e rouco.

- Ei, ei! Você está bem?

- Cof! Sim... Cof! - sua voz quase sumia em meio a tosse violenta.

Estavam no parque público passeando, poucas pessoas passavam por eles, a maioria com algum cachorro.

- Cof! Cof! Cof! Cof! - ela tossiu com tanta força que caiu de joelhos. Sua expressão era de dor.

- Agora já chega. Você não está bem. Vem que eu te levo para o hospital.

O garoto se abaixou e a ergueu do chão. Ela tentou dizer não, mas sua voz não saiu e logo a tosse voltou. O hospital era perto, alguns minutos e já haviam chego.

Ele a entregou para um médico que, ao ouvir a tosse, fez uma expressão preocupada.

- Algo errado, doutor? - perguntou ele já engolindo seco o medo.

- ..N-Não é nada. Espere na sala ao lado que logo eu te chamo para vê-la.

Três horas se passaram, o sol estava se escondendo entre os prédios, dando lugar para a lua. O médico apareceu com o rosto indecifrável.

- E então, doutor? Ela está bem?

O médico ficou em silêncio antes de suspirar e se pronunciar.

- Você é parente dela?

- Sou o namorado dela. Ela perdeu a família... O que foi que houve?

- Ela está muito doente. Câncer e pneumonia avançada. Como ela tem complicações, não podemos operar. Lamento muito.

- Não... Não pode ser... Mentira. - lágrimas surgiram mas foram impedidas de fugir dos olhos.

- Ela deve ter mais alguns dias de vida antes do câncer se espalhar e o pulmão parar.

- Mentira. Só pode ser mentira. Isso não é verdade! - se levantou do sofá e segurou a gola do jaleco do médico.

- Senhor, se acalme. Estamos no hospital. Faça silêncio, por favor.

Ele soltou o médico e caiu de joelhos. Se curvou e socou o chão com força suficiente para quebrar algum osso. As lágrimas caíam livremente e ele mordia o lábio inferior para não gritar.

- Por que ela? Por quê?

- Se quiser vê-la enquanto ainda consegue ficar acordada, o quarto é o 261. - disse e foi embora.

O garoto se levantou e socou a parede do corredor. Secou as lágrimas antes de entrar no quarto.

- Oi... - disse a garota com a voz fraca, ao ver seu amado.

- Oi. - evitou olhar nos olhos esbranquiçados.

- Desculpe te preocupar... Eu... Estou muito doente, certo? - sorria triste pelo namorado.

- Você já sabia?

- Um dia, há uns cinco meses, eu fui no médico por causa de uma dor de garganta, fiz alguns exames e ele me alertou sobre a possibilidade de eu ficar muito doente, podendo não ter mais volta, que minha saúde estava frágil graças a um defeito no pulmão que tenho desde meu nascimento, que qualquer doença simples poderia ser fatal em pouco tempo... Vou morrer?

Ele não aguentou e chorou na frente dela, escondendo o rosto no braço.

- Não chore... Está tudo bem. - sua voz rouca era doce.

- Claro que não está tudo bem! Eu não quero te perder! - seu rosto estava todo molhado e sua expressão nunca fora tão triste.

Ela sorriu ao saber que ele a amava tanto a esse ponto. Estendeu a mão com grande esforço, chamando-o para perto. Ele segurou sua mão com força e a beijou.

- Eu te amo. Por favor, fique comigo.

- Isso eu não posso fazer, você sabe. Eu te amo. Seja forte, Leo.

- Safira... - voltou a chorar.

Se beijaram calorosamente e ficaram abraçados até o horário de visita acabar. Nos dias seguintes ele continuou indo ao hospital. No quinto dia ela não podia mais ficar acordada. No dia seguinte o quarto estava vazio...

Estavam ligados por um laço, forte e ao mesmo tempo frágil. Uma pequena doença o desfez. Laço que deixou marcas fundas que vão demorar para sumir e, talvez, nunca desapareçam.

Leo sempre passou no jardim perto do parque e, toda semana, colhia uma flor vermelha, a favorita de Safira. Ele envelheceu mas nunca teve outra companhia depois da morte dela. E ela também não esqueceu ele.

Um comentário:

Shibuya disse...

MTO LINDO!!!!!!!!!!!!